terça-feira, 23 de junho de 2009
Declarações infelizes de Mendes
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, tem-se mostrado "o dono da verdade" sobre a decisão que extinguiu o diploma de jornalismo das redações. Além de justificar o injustificável, sem dar nome aos bois, ameaça outras profissões com afirmações de que também sofrerão o mesmo caminho vivenciado pelos jornalistas. É muito triste e estranho ver a figura máxima do Judiciário brasileiro emitir opiniões que soam mais como uma forma de imposição do que propriamente de julgar com isenção para análise correta dos fatos. Oras bolas, ninguém vai aprender a escrever cursando jornalismo, no entanto volto a reiterar aqui neste Blog que as atribuições do profissional de comunicação social são muito mais ampla do que se imagina. Concluí o curso em 1985 e, de lá para cá, muito coisa mudou. No meu tempo, as redações eram recheadas de máquina de escrever, a diagramação era feita em paicas, com desenhos das páginas no papel, havia serviço de colagem (past-up)etc. Hoje, o computador substituiu todas as ferramentas para confecção de um jornal, inclusive na hora de definir a impressão na rotativa. Fomos obrigados a acompanhar a evolução, como em qualquer outra atividade profissional. No entanto, apesar deste enorme avanço, a essência do jornalismo continua a mesma. É na faculdade que se aprende a entender como se dá o processo da comunicação, é lá onde se aprende o lead da notícia, é lá que deciframos os grandes teóricos da comunicação social, como Roland Barthes, Umberto Ecco, Horkheimer, Adorno, Marcuse. É lá que também aprendemos técnicas de reportagem, de redação, aprendemos como se faz uma edição de jornal, aprendemos qual é o papel social do jornalista, aprendemos a importância de se ter ética profissional, comunicação comparada (rádio, TV, jornal, multimídia), pesquisa científica, comunicação de massa (industria cultural), estética de comunicação massa (desenvolver o senso crítico), semiologia etc, e ver que depois de tudo isso os quatro anos de faculdade não serviram para nada. A exigência do diploma, no entendimento do STF,é o que menos importa. Vale tudo e seja o que Deus quiser.
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E a gente quantas vezes se enganou acreditando que os membros do STF obrigatoriamente teriam que ter notório saber jurídico e conduta ilibada.
ResponderExcluirGilmar Mendes foi AGU no periodo do FHC e hoje dentro do STF, como presidente, produz cenas lamentáveis de prepotência e falta de bom senso.
Isso na casa que é a guardiã da Constituição Republicana, que da a ultima palavra em questões cruciais para a nação...