Sem dizer qual a fonte de recursos, Serra prometeu elevar o salário mínimo de R$ 510 para R$ 600 já a partir do próximo ano. O que José Serra não revela é quanto isso custará ao país. A pedido do jornal Correio Braziliense, cálculos feitos pelo economista Marcelo Abi-Ramia Caetano, do Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea), mostram que, se a promessa vingar, o impacto nas despesas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) será de R$ 11,9 bilhões no primeiro ano do próximo governo. Se nessa conta for adicionada a promessa de Serra de reajuste de 10% para aposentados e pensionistas que ganham acima de um salário mínimo, a fatura para a Previdência Social encostará nos R$ 24 bilhões. Um estrago desse tamanho tende a apressar a discussão em torno de reformas que Serra prefere evitar.
Outro grupo sensível a discursos e propostas imediatistas são os aposentados. Dependendo da habilidade do candidato em convencê-los, o retorno pode ser na forma de alguns milhões de votos.
"Quando se fala em aumentar em 10% as aposentadorias, não se confessa que, para isso, teria que desvinculá-las do salário mínimo. Significa que o ganho imediato seria alto, mas,como tempo, esse público perderia muito o poder de compra.Voltaríamos ao passado, quando os ganhos eram bons no início, mas depois não davam sequer para comprar remédio", adverte Tony Seugirdor, consultor independente.
Ele ressalta que, quando se fala em aumento para aposentados e pensionistas, não se deve pensar apenas nos vinculados ao INSS. É preciso incluir os beneficiários pagos pela União, estados e municípios. "Quando se olha para todo o bolo, a conta é enorme. Um rombo que não está previsto na proposta de Orçamento, que já foi encaminhada ao Congresso Nacional", alerta o advogado Carlos Manuel, do escritório Lopes Filho. "Por isso, tudo não passa de promessa eleitoreira."
Da mesma forma, não está nos cálculos da União arcar com o pagamento de um provável 13º salário para os 12,6 milhões de lares que recebem valor médio de R$ 95 do programa Bolsa Família. "Seria preciso ter mais R$ 1,2 bilhão no caixa só em 2011. E todo mundo sabe que, ao contrário, o governo tem que cortar seus gastos", completa Seugirdor, lembrando que, com aposentados e o Bolsa Família, as promessas dos candidatos custariam R$ 25,2 bilhões em apenas uma no. (fonte: Correio Brasiliense)
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