quarta-feira, 7 de março de 2012

Ah, se eu te pego Teló!!!

A música “Ai se eu te pego”, que virou “hit” mundial, é o retrato da bestialidade que paira sobre os ouvidos incautos. É um exemplo cabal de como a inversão de valores atinge os ignorantes e analfabetos musicais.
Não é uma crítica ao Teló, mas à indústria da pseudo-cultura capenga que temos hoje, não só no Brasil, mas no mundo todo.
Vão dizer que é uma música “dançante”, “as crianças gostam”, “faz rebolar o corpo”, “mexe com as cadeiras” etc. Insisto: música não é para mexer o corpo, e sim a alma. Qual é a mensagem que essa música passa? Qual o conteúdo estético que ela produz?
Nenhum. É mais uma porcaria para anestesiar o já combalido gosto musical tupiniquim e, agora, dos ‘gringos’, ‘xiitas’, ‘judeus’ etc...
Não é de hoje que a industrial cultural avacalha as boas intenções musicais que temos no Brasil. Compositores desconhecidos do público, por falta de espaço e, talvez, jabá, são preteridos literalmente. Os senhores da mídia eletrônica, ávidos apenas pelo vil metal, protagonizam e sustentam o péssimo gosto que aflora na grande maioria das pessoas.
Reafirmo que a música, na essência, é um condicionamento, mas, sobretudo, um estado de espírito, de contemplação. A boa música resiste ao tempo. Jamais me cansarei de ouvir “Carinhoso” por uma razão simples: é uma obra prima. Foi composta entre 1916 e 1917 por Pixinguinha e posteriormente recebeu letra de João de Barro, música que resiste ao tempo, simplesmente porque é bela.
Como “Carinhoso”, outras tantas composições que fazem parte do nosso cancioneiro estão eternizadas na memória de nossos corações.
Na década de 1970, a Portela cantou “Pixinguinha” em seu samba-enredo, exaltando o grande mestre da música brasileira. Ainda adolescente, cantava este samba na escola, nas aulas de música da professora Maria Célia. Quanta saudade, bons tempos, bons gostos musicais...
Hoje, infelizmente, nossa juventude rebola ao som de Teló e congêneres. Mal sabe ela sobre Pixinguinha e o que representou e representa para a música brasileira. Pobre juventude.

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