O mundo não vai acabar se a Faive não acontecer

Quando o prefeito Picucha, de Epitácio, decidiu não realizar o carnaval de rua, uma tradição na cidade, muitos o criticaram pela atitude. Sem verba para custear as escolas de samba e muita dívida para pagar, Picucha usou o bom senso e cancelou o desfile.
No ano passado, a Faive, o principal evento em Venceslau, gerou um prejuízo acima de R$ 600 mil. Uma dívida que terá que ser paga pelo bolso do contribuinte do município. Essa e outras razões tem levado pessoas idôneas a recusarem convite para comandar a festa neste ano.
Foi sugerido ao prefeito que não realizasse a feira neste ano, até para que a cidade ganhasse "um fòlego", reflitisse e discusse os caminhos que a feira agropecuária deve seguir nos próximos anos. No entanto, o prefeito não aceitou a sugestão e quer fazer a festa "de qualquer jeito", em meio a vários problemas que o município enfrenta, com ruas esburacadas, precatórios a serem pagos, problemas na saúde, falta de infraestrutura em bairros da cidade e pouco recursos para investimentos previstos no orçamento.
A proposta dele é reunir as entidades e desse encontro formar uma comissão. A reunião que pode ser decisiva está marcada para hoje, sem a presença da imprensa.
Enquanto a Faive estiver vinculada a decisão do prefeito de nomear uma comissão, com utilização de CNPJ da Prefeitura, o cenário não mudará muito não. Dependerá sempre da boa vontade das pessoas, do espírito altruísta delas para com a comunidade. E, hoje, com tantas tribulações, compromissos e responsabilidades, inclusive de ordem jurídica, o envolvimento é quase nenhum.
Se Venceslau quer mesmo uma feira agropecuária que se mude o modelo hoje utilizado desde sua criação, dependente do poder público. A desvinculação da festa da Prefeitura é o primeiro passo.