Aquele chiadinho tão peculiar nos discos de vinil deixou saudade, pelo menos para mim. Sem querer comparar qualidade com a era digital, mas os discos em vinil tinham um charme e despertava um olhar diferente em prol do artista ou compositor.
Era a marca de um trabalho, minucioso, cirúrgico, feito com detalhes, que durava meses, às vezes, 01 ano. Hoje se grava um CD em poucas horas, com possibilidade de distribuição no dia seguinte.
Ter um ‘home-estúdio’ se tornou fácil. Basta um bom programa de gravação no computador, uma placa de som de boa qualidade, um microfone com condensador e mesa de som com alguns canais.
Músicos, pra que músicos? Existem os “samples”, sons de instrumentos que fazem o acompanhamento, seja que ritmo for, timbre, sonoridade, bastando apenas que se domine o programa e que tenha um mínimo de conhecimento musical.
A tecnologia cada vez mais substitui o homem e, assim, cada vez menos temos gente tocando e mais botões e cliques sendo teclados. Mesmo quem não cante tão bem, desafine, consegue se lançar no mercado. Só vamos perceber a qualidade quando escutamos ao vivo. Mesmo assim, com os vários recursos, a percepção é restrita aos que conhecem do riscado.
Voltando aos discos de vinil, veio na minha lembrança de juventude o Zé Carioca, uma loja que comercializa os lançamentos em Venceslau dos anos 70. Quando chegava algum, a funcionária tinha o cuidado de retirar da capa para que pudéssemos ouvir as músicas, havia a delicadeza para não riscar, recolocar no lugar, enfim, o disco voltava para a prateleira.
Época em que Roberto Carlos lançava a cada Natal um novo disco. Era presente certo para o namorado, marido, esposa, amigo, parente, a rádio fazia o merchandising que ajudava nas vendas.
Não era muito fã do Roberto, preferia Chico, Caetano, Gil, Djavan, que também vendiam bem, principalmente para a turma mais antenada da MPB.
Com o advento dos CDs e da digitalização, os vinis desapareceram e hoje são relíquias, sendo encontrados em lojas especializadas, principalmente nos grandes centros.
Nos anos 90, uma rádio local se desfez de toda sua discoteca de vinil, que era considerada uma das maiores do interior. Os exemplares foram arrematados por um preço vil. Houve na época quem reclamasse, mas o dono pouco se importou, desfez da coleção e entregou ao comprador.
Tenho curiosidade em saber que fim esses discos tiveram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário