Veja o que o escritor e empresário Leandro Cocicov escreve sobre a Faive
RAMBO 34a. FAIVE
Vislumbrar a 34a. FAIVE é como assistir ao filme: “Rambo 34o. – O Asilo”. O povo, ingênuo como sempre, ainda cai no conto do pão e circo. Bom, neste ano só sobrou o circo, porque o pão (na FAIVE...) está os olhos da cara!
Não se pode negar, entretanto, que numa cidade onde só se fala em bois; onde sobrenomes ilustres e decadentes impõem respeito (mesmo que o dinheiro e o poder há muito tenham ido para as cucuias); onde nove e meio dentre dez das músicas tocadas nas rádios sejam as tais sertanejas chamadas “universitárias” (mesmo que o intérprete seja analfabeto!); onde os jornais destaquem entidades filantrópicas doando farinha para o angu dos menos favorecidos; onde o progresso caminhe a trote de cavalo morto; um acontecimento como a FAIVE é frenesi. É ou não é?
Nessa época do ano, os homens botam aquele fivelão de escudo de gladiador romano na cintura e botas com bicos pra matar aranhas nos cantos da casa; as mulheres tiram a naftalina dos vestidos de paetês e completam o traje com bolsas de madrinha de casamento e sapatos de salto agulha; as crianças, coitadinhas, encaram jardineiras de palhaço ou vestidinhos “bolo de fubá”, enquanto as adolescentes, de “baloneé” de oncinha e meia fina, são azaradas pelos garotos com calças “mostra-a-cueca-aí-ô”. Tudo normal. Afinal de contas é a FAIVE e a gente tem de ir “chique no úrtimo”. Êita Pega!
Todavia, para a cidade mesmo, a FAIVE é um verdadeiro furacão Katrina, isto é, destrói. O comércio desaba, as pequenas indústrias param por excesso de produção não escoada, as escolas ficam vazias porque os alunos matam as aulas (para ir à FAIVE), as ruas ficam desertas, etc. Um desastre! Mas como diz o ditado “onde uns perdem, outros ganham”, pergunto eu aos leitores: Quem ganha com a FAIVE? E eu mesmo respondo: a politicagem local ganha destaque; a prefeitura ganha verbas e prestígio; a associação comercial e industrial ganha fazendo média; os copinhas ganham propinas de alguém; os cantores e bandas ganham cachês; as rádios e a imprensa ganham em notícias e propagandas; os leiloeiros ganham em negócios fechados; os fazendeiros ganham em exposições, compra e venda de gados. E só. Ah, o povo! Esqueci de citar. O povo ganha... CIRCO?!?
Em conversas com quase todos os que puseram barracas e similares na FAIVE, descobri que os valores pagos por eles para que pudessem participar, são abusivamente altos e absurdos. Há quem se juntou com os familiares e comprou pacotes de 10, 11,... Mil Reais ou mais, na vã esperança de lucrar algum. Quantas batatas fritas, churros ou sorvetes, por exemplo, uma barraquinha tem de vender para cobrir os prejuízos? Será que a comissão da festa não enxerga que cobrar os tubos dessa gente batalhadora é, no mínimo, injusto? A população até comparece na festa, mas não gasta! O povo tá sem grana! Não tem emprego, gente!
Numa barraca de doces (cito aqui outro exemplo) um casal de velhinhos havia mais de quatro horas que não vendia nem um copinho de coco caramelado. Para quem pagou caro pra participar da FAIVE é desesperador, não? Além disso há muita concorrência, principalmente em se tratando de alimentação. Enquanto as entidades beneficentes sem fins lucrativos expõem em seus espaçosos restaurantes cativos dentro do recinto da FAIVE, cartazes com apelos do tipo “em prol do asilo tal” ou “estamos trabalhando para auxiliar a APAE”, e etc., com o intuito de “tocar o seu coração” com espetos de churrasco variando de 25 a 40 Reais cada e bebidas a peso de ouro, comerciantes honestos e trabalhadores amargam prejuízos enormes em suas barraquinhas de balcão, voltadas para a parte “popular” da festa. E não estão vendo o retorno esperado.
É claro que ninguém vai admitir que a FAIVE é ou foi um fiasco. Não, não. Os comunicadores e os jornalistas vão ter de entrevistar quem fale bem. Senão... Perdem a festa e o assunto para ano seguinte. Além do mais, e o orgulho da cidade, como é que fica? E taca foto de boi, fazendeiro sorrindo e garotas bonitas.
Eu não prego o fim da FAIVE. De jeito nenhum! Só acho que ela poderia ser mais barata para todos. Menos extorsiva, tanto para com os comerciantes, quanto para a população. E o povo agradeceria, com certeza! Fica aqui sugestão, senhor Prefeito.
Leandro Ronald Cocicov Cunha Lima
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOtimo comentário, só espero que o comentarista que demonstra ser expert no assunto, no proximo ano procure participar da comissão, com suas excelentes idéias, poderia até pensar em shows gratuito, ou coisa do genero, ou até em repassar o espaço da alimentação para pequenos comerciantes que estão em dificuldade. O problema seria fechar a conta depois, mas isso é mero detalhe. VIVA A DEMAGOGIA
ResponderExcluirConcordo com cmmrep, pois as farpas daquele imenso texto de criticas, se enquadra no famoso, se quer bem feito faça você mesmo.
ResponderExcluirÉ muito facil criticar, porque não vai la e faz.
Acho que em parte o artigo reflete a verdade sim. A bebida e a alimentação estavam desproporcionalmente caras e fora do alcance de muitas famílias que veem na feira um momento de descontração. Mas também acho que esse tipo de crítica é que faz as coisas melhorarem. Por outro lado, o parque era muito melhor, com mais atrações, a estrutura de camarotes e de arquibancadas mostravam mais qualidade; tudo estava mais limpo e organizado e a segurança neste ano foi reforçada.
ResponderExcluirUm evento grande como a faive é assim. Tem coisas para elogiarmos e outras para criticarmos e, justamente por isso, sempre será uma grande festa.
Parabéns pela postagem.
Abraço.
Luciano Esposto
Concordo em parte com a postagem pois a comida e a bebida tinham preço fora da realidade de muitas famílias que por ali passaram na tentativa de diversão. Acho que comentários como este fazem com que o evento seja repensado e melhorado com o tempo.
ResponderExcluirVejo os "fiveludos" e os enignáticos "donos" desta urbe montados sobre seus nomes como meros personagens de uma história hipócrita e que já não convence mais ninguém mas que, no final, acaba fazendo parte do contexto quando o assunto é Faive. Claro que excluam deste nicho todos aqueles que trabalham arduamente para produzir raças reconhecidas no Estado e no Brasil que brilham nos leilões com o louro a que fazem jus.
Mas, por outro lado, penso que a feira teve pontos positivos. Um parque mais diversificado; estrutura de rodeio mais segura e organizada; asseio do parque em si e a segurança que, este ano, estava reforçada, foram pontos que todos percebemos.
A grande verdade é que um evento da envergadura da FAIVE sempre terá pontos a serem enaltecidos e outros tantos a serem criticados e é justamente isso que faz da nossa feira um evento grandioso.
Parabéns pela postagem.
Abraço.
Luciano Esposto
linda postagem
ResponderExcluiragua pra tomar 3.50
rodeio custo mais de 150.000
peoes que vieram = os que naum tinham capacidade pra ganhar em barretos
dinheiro jogado fora
Já deu tempo, queria saber se Depositaram o Dinheiro da conceção do Terreno p/estacionamento (a curia estáva aguardando) pois precisa fechar o balancete do Mês. Para um pequeno entendedor um ponto é uma palavra.
ResponderExcluirCaros amigos "cmmrep" e "zequinha07": Vamos dar nome aos bois? O meu está assinado embaixo do artigo. E nem usei pseudônimo! Infelizmente, vocês sabem, não dá pra fazer parte da comissão: ela já é de "porteira fechada"... Além disso, mencionei apenas o que poderia ser melhorado. Como concluí, não sou contra a FAIVE! Portanto, tenham calma e não levem para o lado pessoal, ok? Obrigado.
ResponderExcluir