Desistência de Aécio Neves

O Datafolha publicou neste domingo pesquisa em que Serra continua liderando a corrida presidencial. Tem 37% das intenções de voto, enquanto Dilma, a segunda colocada, aparece com 23%.
Curiosamente, a pesquisa é divulgada praticamente no mesmo dia em que Aécio Neves anuncia que também não fará dobradinha com Serra. Dias atrás, o governador mineiro já havia antecipado que também está fora da corrida presidencial.
A decisão de Aécio deve ser encarada como inteligente. Dificilmente, Serra abriria mão para que o neto de Tancredo Neves saísse indicado pelos tucanos para o Palácio do Planalto.
Serra lidera todas as pesquisas de opinião. O governador de São Paulo é mais conhecido em outras partes do estado que o próprio Aécio. Serra foi ministro da Saúde na era FHC e tem discurso afiado sobre a implantação dos genéricos, quebra de patentes dos remédios, criação dos Programas de Saúde da Família etc. Serra goza do apoio irrestrito do ex-presidente FHC. Por seu discurso anti-estatal, Serra é o preferido do setor privado.
Apesar de ser mais articulador, moderado e mais próximo de Lula, Aécio sucumbiria por não cooptar grande parte da mídia e do empresariado. Também teria problemas com eleitores paulistas, que preferem Serra. Aécio é menos influente que Serra junto à cúpula tucana. Aécio é ligado a Ciro Gomes e isso desperta desconfiança do seu próprio partido.
No entanto, a sua desistência é estratégica. Sabe que será a última chance de Serra numa disputa presidencial. Não correria o risco de perder para Dilma que, com certeza, vai para o segundo turno. As pesquisas hoje mostram que Serra sairá vitorioso também no segundo turno, mas a campanha ainda não começou. O bom momento do país na economia e o alto índice de aprovação do governo Lula dão a Dilma uma grande possibilidade de virada.
Aécio sabe disso.